Coração de poeta

CORAÇÃO DE POETA

Guida Linhares

No coração de um poeta

abrigam-se as dúvidas,

medos e incertezas,

além das alegrias

e amores do mundo.

Mas uma coisa é bem certa:

trata-se de um coração

que bate forte,

sorvendo a vida a cada minuto.

Nada passa indiferente,

nada é tão pouco,

que não mereça versos.

seja de si, seja de outros.

O coração poético

é um repositório de sentimentos.

A alma aflita

aciona os pensamentos

que buscam a expressão que a alivia.

E assim, aos poucos, dia a dia,

o poeta vive entre a realidade e a fantasia,

rabiscando versos,

tracejando sonhos,

idealizando o amor,

a fim de que possa conviver

com o seu cotidiano,

às vezes frio e insosso.

Mas a felicidade dele é imensa,

quando sente

que suas palavras tocaram outro coração,

seja poético ou não,

mas a mensagem da sua alma

encantou outros olhos,

desvelou um horizonte,

trazendo para outra criatura,

o mesmo instante de magia pura.

O coração do poeta

é um violino plangente,

de cujos acordes

saem as mais lindas melodias,

que tocam o coração da gente.

Santos/SP

11/03/07

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Participação no terceto com os queridos amigos poetas

Tarcísio R. Costa e Tere Penhabe.

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UM POEMA DE DÚVIDAS

Tarcísio R. Costa

Minha alma cansada

e o meu coração cheio de dúvidas,

carecem de desabafo...

Acredito que essa poesia

por ninguém interessa, ser lida.

Ela trata de uma revelação

de sentimento pessoal, interior,

embora no cerne, no âmago,

a origem seja o amor...

O poeta triste

é como um mal perfume,

traz desconforto ao ambiente...

Um mal-estar vem à lume,

qualquer um sente

o odor...

O que faz diferença no poeta,

é que ele escreve tudo que vem à mente,

por isso que fala tanto de saudade,

assim como fala do encanto, das belezas,

também não esconde

a sua tristeza...

Mas, quem não tem seus dissabores,

Quem não tem momentos de frustração,

Quem não chora as suas dores!

Quem não se sente incompreendido,

Quem não mergulha na incerteza,

Quem, na sua desilusão,

Não sente tristeza!

Uma luz pisca no horizonte da minha vida,

isso, acredito, pode ser a esperança...

Tudo é passageiro, até a própria vida,

desde a euforia das conquistas,

até, os momentos de incerteza,

quero incluir nessas alternâncias

a presença da minha tristeza...

Sem argumentos para esse poema, encerrar,

porque não tenho um motivo concreto

para justificar essa lamentação,

digo pra quem me lê, e isso é certo!

Tenho, como você,

Um coração!

Tarcísio Ribeiro Costa

Brasília, 10/03/2007

&

Dores e Encantos do Poeta

Tere Penhabe

Estás enganado, poeta

quem colhe as flores, não se furta aos espinhos

e tu, exímio semeador, merece mãos que acolham

teus encantos e tuas dores.

Entender-te, é mais fácil do que imaginas

pois como dizia o grande mestre Quintana:

"Nossos poemas não passam de confissões"

mas nem todos confessam a verdade, como fazes.

Quantas propagações de amor imensurável

não passam tão somente de ledos enganos

talvez do coração, talvez da própria mente

perniciosa arma que combate a alma...

És mais poeta do que nunca, hoje

já que todos dizem que temos que ser tristes.

Eu recusei a comenda, leiloei meus versos

por cultivar em mim a alegria, o reverso.

Mas, como bem disse outro poeta algum dia

"quem me vê assim cantando..."

não sabe a dor que me vai na alma

não sabe a chaga que tenho na minha calma...

Por isso meu querido poeta, creia-me, és feliz!

A vida é bela enquanto o sonho não morreu

e esta luz que pisca no teu horizonte

prova que tens muito mais do que eu!

Santos, 11.03.2007

www.amoremversoeprosa.com

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