Tô em cima do muro

O que tem do outro lado do muro,

Seja o que for, juro, não vou pular;

Mas, se achar uma porta, um vão,

Então, vai ser duro eu não passar...

Quiçá, felicidade perdeu uma moeda,

Com a qual eu compraria umas balas;

Ou a desdita me receberia a pedras,

Todas possibilidades, vou esgotá-las...

A sebe do tempo nos desafiando,

A ver por frestas os seus domínios;

Mais incisivo o pleito fica, quando,

A carência estimula tais vaticínios...

Ah, essa sede de um gole de futuro,

Seria o passado clamando vingança?

Nos põe compulsórios sobre o muro,

Num lado a saudade, n’outro, esperança...