Subsolo

Me mantenho aprisionada no subsolo.

Escondida de olhares maldosos, palavras nocivas.

De medos, pudorosa de minhas transgressões.

Me escondo de mim, em mim. Me protejo.

Me prendo em minha mente, buscando respostas das quais optaria por não saber... mas preciso.

E em silêncio grito por socorro, um grito agoniante e mudo, surdo.

Procuro algo em que me agarrar, me apegar, deslizo, caio no abismo.

Encontro refúgio, mas não compreendo... por quê? Aceito minha sentença.

Desconheço os mistérios, os propósitos, prossigo...

Fujo de mim... O maior perigo sou eu.

Sedutora, apaixonante, destrutiva, intensa.

Droga alucinógena e deficiente, imperfeita, complexa.

SENHOR, salve-me de mim mesma.

Corro no escuro, não temo mais, embora seja iminente a queda, confio.

Me entrego.

Aproxime-se, te afogo, te deslumbro, te sufoco.

Caminho sozinha, a escuridão me deseja, eles não desistem, me querem mais a cada segundo que me aproximo da luz.

Estou na luz, sou da luz.

POR FAVOR, agarre-se em mim, segure minha mão, me acompanhe, não sei se consigo sozinha...

Abomino a ideia de ser fraca, ultrapasso limites...

Não, não se aproxime, sou amaldiçoada.

Não, não se aproxime, você pode se ferir.

Não, afaste-se, tenha cautela, sou tóxica, viciante.

Luto com meus demônios, venço-os.

Eles me perseguem, me torturam, me angustiam.

Minha respiração diminui, meu coração acelera, grito, silêncio, dor, solidão.

Pessoas me cercam, me sorriem, me tocam.

Mas venha, tente me sentir, tente me desvendar, não irá conseguir.

Não pretendo ferir pessoa alguma, sou inapta.

Não há quem possa me salvar de mim.

POR FAVOR, mantenha-se afastado.

Preciso persistir, resistir.

Não ha outra saída senão... LUTAR!

Lumière
Enviado por Lumière em 12/01/2013
Reeditado em 12/01/2013
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