Quando Os Pássaros Cantavam
 
Sentado no paralelepípedo,
À sombra de uma amendoeira,
Cercada de formicidae,
Percebo a BR.
Das idas e vindas desta longa estrada,
 
Que um menino observava
Sentado na calçada.
À sombra de uma arvore,
Coberta de formigas,
Olhava a pista.
Grande incógnita da vida.

Hoje entre engarrafamentos e buzinas,
Antes mal se percebia quando um carro partia,
Para o além do além tempo.
Em seu tempo,
De agradar a vista que doía,
De tanta euforia,
Pelo novo.
 
À beira da estrada
Onde um rio malhava-me como praia,
O sabiá sabia,
Que nada o perturbaria enquanto dormia,
Numa lua que surgia
.

Minha pista,
Ladeada por condomínios,
Dominados por pardais.
Que tomam o lugar de quem cantava
Que partem em agonia
Pela força do perfeito imperfeito em gritaria.
 
E num súbito desanuvio,
Vejo-me fora do contexto,
Sou surreal
Na beira da calçada
Sem correr,
Chorar,
Gritar,
Me estressar.
Apenas navegar,
Num tempo que ficou no tempo,
Em que uma criança sorria
Para o vento.