ESTADO E CAPITALISMO: CASAMENTO PERFEITO
Ah, que dor sinto em ver
você, meu querido Estado,
se casar com este mal ser
que desponta no horizonte.
Você poderia ter me traído
com qualquer outra prostituta,
mas não, preferiu ferir de morte
meu coração. Foste pérfido.
Teu casamento foi arranjado
e quem te vendeu foi você
mesmo, por pouco, ninharia.
Tua alma não é tua, não mais.
Como pôde nos deixar na mão,
sem nenhum teto, sem alimentação,
sem segurança, sem saúde, sem paz,
sem educação para nossas crianças!
Você se juntou com nossos maiores
inimigos, não teve a honradez de nos
avisar do mal que nos sitiava. Foste
a pior das meretrizes. Foste má!
Por que razão entregou-nos de bandeja
nas mão do inimigo de nossa liberdade,
individualidade e de nosso ser? Te fizemos
algum mal? Responde-nos!
Nós não merecíamos tanto desprezo de
sua parte, somos parte de ti, de alguma
forma. Agora teremos de nos ver livres de
ti. Você só nos causou mal e inda nos causará.
Minha anarquia é pessoal e não coletiva.
Quero ser livre para passar pela rua e não
pagar por ela, comer meu pão e não pagar
por ele, pois foi nossa mãe quem nos deu.
Com todo amor e carinho a mãe natureza
nos presenteou com a vida, com a terra
e você, Estado, bem como seu esposo,
quer que paguemos pelo que é nosso!
Tenho fé que teu casamento terá um fim,
fim este que se configura como traição
de teu esposo, aí sim, tu voltar-se-á para
nós, e nós te aceitaremos ou não!