Parodiando a Canção
Quem disser que viver não dói
Não sabe a dor de se viver livre.
Por andar tão triste, nos lençóis,
A dor pensou que nunca a tive.
Se viver não dói; quem corrói
O templo da solidão empírica,
Que cá guardo e cá me destrói,
Enquanto oiço a minha lírica?
Morrer não dói, mas a dor mói
Minh’alma flácida, sem rigidez
Mistura de fome e sede do herói
Que vive de teimoso, sem lucidez.
Viver dói, mas a dor que dói
Um dia, branda, calar-se-á
E, sorrindo, dir-te-ei: Elói, Elói
Lamá Labactâni? E Ele me ouvirá.
Pois, se um dia fui esquecido,
Hoje já não o sou; e, embevecido,
Morro e me esqueço da dor.
Quem disser que viver não dói
Não sabe a dor de se viver livre.
Por andar tão triste, nos lençóis,
A dor pensou que nunca a tive.
Se viver não dói; quem corrói
O templo da solidão empírica,
Que cá guardo e cá me destrói,
Enquanto oiço a minha lírica?
Morrer não dói, mas a dor mói
Minh’alma flácida, sem rigidez
Mistura de fome e sede do herói
Que vive de teimoso, sem lucidez.
Viver dói, mas a dor que dói
Um dia, branda, calar-se-á
E, sorrindo, dir-te-ei: Elói, Elói
Lamá Labactâni? E Ele me ouvirá.
Pois, se um dia fui esquecido,
Hoje já não o sou; e, embevecido,
Morro e me esqueço da dor.