Brasil brasileiro
A torneira mal fechada que goteja intermitente,
A desculpa esfarrapada que ofende o inteligente;
A preguiça mascarada numa presença ausente,
A nulidade cultuada numa perversão evidente...
Intimidade revelada e a devassada mui contente,
A sem vergonha pelada e a mídia corre na frente;
Pastel recheado de nada, vendido ainda quente,
Vaidade descontrolada fazendo a fogueira ardente...
A máfia organizada, dizendo cuidar bem da gente,
A tribuna ocupada, dando voz à raposa experiente;
A justiça maculada vencendo a força do detergente,
Joga suas cartas marcadas, e mistura novamente...
Verdade no baile barrada, hipocrisia dança contente,
A sujeira é abafada, quando o sujo é proeminente;
E há uma turba treinada, pra fechar os olhos da gente,
Servindo em troca de nada, vírus, roendo alma doente...
Lona vistosa é armada, no circo, e o palhaço é a gente,
Basta uma voz alçada, e a patrulha ideológica, mente;
O interesse de cada; finge que é o interesse da gente,
To com uma parte inchada, vê se há saco que aguente!