Coração que não ama
Veio descendo uma avenida esquecida
Tapeando cruzamentos sem dó nem piedade
Em postura torta, de comum desleixo
Sapateando alto e indiscretamente
Na vaidade de nada poupar abaixo do próprio queixo,
Lamuriante vaidade.
Veio pregando tua fama nos postes
Raptando olhares vestidos de assombro
Parando e passando como baderna insaciável.
Em gritos ou cochichos
Tua impetuosidade revoga teu estrondo
Como eco indomável.
Veio atirando pedras em janelas abertas
Na invasiva ousadia de não quebrá-las
Mas atingir apenas o lado de dentro...
Acertando desprevenidos - confiantes de seu disfarçado alento.
Mas coração que não ama
Pode acabar por se enfastiar com seu próprio desamor
Como cumprimento de pena... sua dor!
E tudo o que veio aprontando, terminou por enterrar seu ego
Na mesma cova que enterrou seu primeiro destratado sinal de amor.