OLHOS QUE GOVERNAM
Os olhos estão abertos, mais ainda não há luz.
O terceiro dorme sobre a névoa branca,
Enquanto as trevas tomam a alma.
E a mente se recusa a enxergar.
O corpo sangra, a verdade dói,
E o medo... o medo devora.
Permitir-se levar, se corromper, se entregar...
Soa mais brando que lutar.
Os olhos estão cobertos, as pupilas distorcem a realidade.
O terceiro dorme inexistente.
Enquanto a mente ignora as dúvidas,
Tampando o nada com sorrisos e distrações.
A garganta grita sem voz, esqueceu como se fala.
O silêncio é imposto como conforto,
Os ouvidos recebem gritos mudos,
E a mente não é capaz de absorver, não aprendeu a entender.
Os olhos se fecham, delicadamente.
Já acostumados ao escuro,
a alma aquieta-se ao nada.
Não há o que temer, quando se segue a correnteza.
Perecem os olhos fechados, trancafiados no fundo da caverna.
Agonizam-se em gratidão, pelas sombras oferecidas.
Todas as noites, assassinam a fé,
E tornam a alma mais convencida
De que é em vão nadar contra a maré
Ou dizer não para o olho que o governa.