OLHOS QUE GOVERNAM

Os olhos estão abertos, mais ainda não há luz.

O terceiro dorme sobre a névoa branca,

Enquanto as trevas tomam a alma.

E a mente se recusa a enxergar.

O corpo sangra, a verdade dói,

E o medo... o medo devora.

Permitir-se levar, se corromper, se entregar...

Soa mais brando que lutar.

Os olhos estão cobertos, as pupilas distorcem a realidade.

O terceiro dorme inexistente.

Enquanto a mente ignora as dúvidas,

Tampando o nada com sorrisos e distrações.

A garganta grita sem voz, esqueceu como se fala.

O silêncio é imposto como conforto,

Os ouvidos recebem gritos mudos,

E a mente não é capaz de absorver, não aprendeu a entender.

Os olhos se fecham, delicadamente.

Já acostumados ao escuro,

a alma aquieta-se ao nada.

Não há o que temer, quando se segue a correnteza.

Perecem os olhos fechados, trancafiados no fundo da caverna.

Agonizam-se em gratidão, pelas sombras oferecidas.

Todas as noites, assassinam a fé,

E tornam a alma mais convencida

De que é em vão nadar contra a maré

Ou dizer não para o olho que o governa.

Daiane Alves
Enviado por Daiane Alves em 11/12/2012
Código do texto: T4030494
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