A vingança
A vingança é um indigesto prato
Muito mais a quem o prepara
Alimentada pelo ódio sem recato
Cresce lenta e fria sem conhecer apara.
Depois de saciada a vingativa sede
Continua o coração vazio de sentimento
Porque o mal só funciona em rede,
Um vício que pede sempre um tormento.
Quem de vingança apenas se alimenta
Não sabe o que significa a resignação
De quem vence a si mesmo e no coração
Não guarda o rancor que nada acrescenta.
Este sentimento, por dentro do ser humano,
Vai carcomendo até o âmago mais profundo
Levando ao mais negro e baixo submundo
Onde só há espaço para o que é profano.
Depois de entrar no reino da agonia
Por livre e instintiva vontade
A pouca luz de amor que n’alma havia
Apaga-se, acendendo uma negra voracidade.
Por isso, a esse monstro não se deve dar
Alimento para o seu evoluir constante
Porque toda semente na terra jogada adiante
Serão colhidas certamente após o ato de plantar.
Cícero – 10-12-2012