Agora minhas tristezas são diferentes
Nem se parecem com as tristezas de antigamente
Aquela coisa que se sentia por dentro,
Mudava o ângulo da boca ,deixava cair o olho no chão
Mas não matava a gente...
Agora minhas tristezas criaram pernas
Me acompanham incansáveis
Perversas
Numa espécie de coro maldito
Chamando meu nome noite e dia
Em ladainha ,meus ossos conclamam
Como quisessem roer
Como sentissem falta...
Como pertencesse à pauta
Adianto-me a contragosto ,
Tento aumentar meu passo acovardado
Mas meu olho mora inteiro no passado
É meu repasto que divido com os silêncios e seus quase pios
E se disto não me afasto...
É porque abandonaria em trilha minha única parte
Então fecho meus olhos um instante
Vejo o meu verso-casulo que m'engole e inda assim o consumo
Aqui m'esfrego ,
Em seu sumo...
Aqui m'espremo ,
Em meu próprio túnel...