Não Estou Lá

Em pleno horizonte, além das montanhas,

Sob o sol negro da penumbra,

Através da escura luz que penetra,

Em cada fresta...

Em cada gota de vontade...

Em cada espasmo de saudade...

Em cada melancolia noturna...

Em toda resposta falsa de um espectador moribundo,

Nas cortinas empoeiradas do mesmo teatro,

Nos pescoços ávidos por um simples giro,

Em cada lua...

Em cada nuvem...

Em cada Johnny Cash e June Carter...

Na nublada noite de um dezembro que não lembro,

Porque não chegou a acontecer.

Em todo canibalismo visual que não foi entendido,

Nas sombras cintilantes do olhar cabisbaixo...

Nas trevas que sucumbem na pálida face,

Em cada riso...

Em cada toque...

Num casaco puído, de um rubro negro alternante,

Numa caneta que traça o destino em meu pescoço,

Entrementes tudo isso,

Não estou lá.