Nem morto

Doendo a culpa por essa monotonia,

de negar os fatos e forjar esperança;

a vida convidando com sua melodia,

mas, só loucos para entrar na dança;

lugar comum se opõe aos neurônios,

o rebento daqueles, conforto aborta;

urgente exorcizar a esses demônios,

ensinando-lhes, o caminho da porta;

o desencanto aponta oblíquo, à opção,

redirecionar deixa nu, quiçá, explícito;

que o anseio andejou pela contramão,

a resignação aponta, o caminho lícito;

autocomiseração doente oferta ajuda,

quer embalar o leito onde vou morrer;

mas, a vadia vai levar um pé na bunda,

e após refeito irei me ocupar de viver;

o brio faz com que a gente se zangue,

dispêndio de tempo, e sonho perdido;

se a vida agoniza, posso doar sangue,

porém, nem morto, morrerei iludido...