De repente
De repente me esqueci,
e toda dor se adentrou.
Na escrivaninha te escrevi.
O passado eu não contesto,
o sentimento não tem jeito,
transforma todo e qualquer gesto
no mais puro e belo efeito.
De repente enlouqueci,
e toda dor se misturou,
as entrelinhas lhe omiti.
O futuro eu não espreito,
minhas memórias eu molesto,
misturo e perfuro o imperfeito,
sinto do malfeito o indigesto.
De repente me aqueci,
e toda dor se acabou.
A vereda eu permiti.
O presente eu não rejeito,
a cor da alma já ostento,
no peito me floresto satisfeito.
Estou refeito, sinto o vento.