E a palavra vaza pelo cano de esgoto

E a palavra vaza pelo cano de esgoto

Para o lixo os sentimentos banais!

“O que digo quando não vejo o que escrevo?

O que faço quando não há julgamento alheio?

O que há quando não há desejo?

Uma vida sem anseios...”

Por mim ou contra mim

Meus sentimentos são meus

Únicos, e ninguém mais sofre

Ninguém sofre mais do que eu

E a palavra vaza pelo cano de esgoto

Para o lixo os sentimentos banais!

O sentimento é deturpado por palavras redundantes

O sofrimento é criado por fatos insignificantes

Definho com esse buraco no peito!

Sou fraco e deixo esses vermes levarem-me ao leito

É a palavra regurgitada pelo fraco dramático

Por Deus, alguém jogue esse drama no buraco!

O moribundo abaixo é objeto

O assalto ao lado é fato empírico

Tudo à volta é apenas dejeto

Só existe o eu - lírico

Meus olhos estão vendados: onde foi parar a razão?

Vulnerável, vulnerável...

... acho que foi parar dentro do coração

Meus olhos foram vendados

Tudo o que vejo é a minha mente sombria

Tudo o que falo é da minha vida insípida

Vulnerável, vulnerável

...será que consegui me livrar da ilusão?

É o estereótipo exposto do feliz sofredor

Agora leio minhas palavras com horror

Quero ainda falar de profundas palavras funestas

Discorrer sobre dilemas, mortes e fantasias

Quero expor vampiros, fantasmas, pecados...

...mas não deixar claro que sou o protagonista...

(Novembro de 2006)

Wesley El Nino Silva
Enviado por Wesley El Nino Silva em 25/11/2012
Código do texto: T4004209
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