DUPLA FACE

Não importa onde esteja

Sombra de mim e eu dela

Penumbra da dúvida intrínseca

Não dá tréguas, não me deixa

Ainda que absorto em cervejas

Ao altar da minha fé convicta

Aos passos ébrios das rotinas

Dia ou noite, manhã ou tarde

De tão presente já sou ela

A dor da existência colorida

Em gizes de cera

Dei de ombros por tanto tempo

A amarga ilusão não se satisfaz

Me coloca indolente

Temente, ausente, descrente

De sonhos e tudo o mais

Ela tem a minha fisionomia

Tolerante, indulgente, negligente

Convincente, reticente, dispersivo

Caminhando por caminhar

Eu e ela, únicos, criador e criatura...