Vitrines

Corpos traídos por desejos inesperados do belo.

A forma, o mercado dita.

Na busca do belo me escravizo feito Narciso pelo espelho.

As vitrines ditam os moldes da próxima estação.

Corpos suados, corpos nus, corpos tolhidos, prostituídos.

Corpos marcados pelos entalhes inescrupulosos do belo.

Corpos estuprados pela lógica do mercado.

Corpos fragilizados, doentes, febris...

Corpos nus, amarelos, negros, escravos...

Corpos travestidos de nada, carnes em promoção.

Corpos dispostos a um frágil espelho.

Corpos nus, corpos mutilados, corpos suados.

Corpos desejados, corpos carregados, corpos atormentados.

Alexandre Danel
Enviado por Alexandre Danel em 21/11/2012
Reeditado em 21/11/2012
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