ADAGA
Punhal sacrílego dilacerou as teias
Gerou órfãos aos milhares em carnificina
Enquanto jorra a vida quente das veias
Segue insaciável sua sede assassina.
Compostas foram odes ao genocídio
Dos filhos perdidos na sanha louca
Adaga em punho, eleito o sacrifício
Nenhum foi poupado, toda fé: pouca.
Carrasca a mão que ostenta a faca
Homicida a mente que comanda o ato
Bárbaro o espírito que o ódio esmaga
Digno de piedade o autor do fato.
Os fios partidos perderam destinos
Ficou o vazio onde teia havia,
Os corpos mortos jazem sozinhos
Nenhuma prece sequer se fazia.
Gume afiado na pedra da Morte
Trazia em si o perecer do Homem
Lançada foi sua amarga sorte
Buscou um por um pelo seu nome.
De A á Z riscou o alfabeto por igual
Gotejando rubro sangue por onde se ia
Espada, cimitarra, faca ou punhal,
Rastros de dor e pranto por onde se via.
Gritos, gemidos, implorar de inocentes,
Surdos ouvidos cerrados aos suplicantes
Tornou-se a terra rio de sangue corrente
Prosseguiam malefícios do Inferno de Dante.