Não É de Amor!
Subo, uma vez mais, o muro
Feito quando eu era criança
Mas naquele tempo
Logo se via o futuro e a esperança
E aquela paisagem mágica:
Árvores em movimento
Como se dançassem
E os pássaros fossem músicos voadores
O cheiro de terra molhada de chuva
O desfile das flores na margem do rio...
Mas agora está tudo vazio
Somente asfalto e cinzas
No chão e nas nuvens
Pessoas desgovernadas e cegas nas esquinas
Seguindo alguma rotina
Agora estou velho
E pronto para cair do muro
Feito o futuro - me transformarei em cinzas
Não hei de temer a foice
Pois quando não se há mais alento
Também não deve haver sofrimento