Não É de Amor!

Subo, uma vez mais, o muro

Feito quando eu era criança

Mas naquele tempo

Logo se via o futuro e a esperança

E aquela paisagem mágica:

Árvores em movimento

Como se dançassem

E os pássaros fossem músicos voadores

O cheiro de terra molhada de chuva

O desfile das flores na margem do rio...

Mas agora está tudo vazio

Somente asfalto e cinzas

No chão e nas nuvens

Pessoas desgovernadas e cegas nas esquinas

Seguindo alguma rotina

Agora estou velho

E pronto para cair do muro

Feito o futuro - me transformarei em cinzas

Não hei de temer a foice

Pois quando não se há mais alento

Também não deve haver sofrimento

Guilherme Sodré
Enviado por Guilherme Sodré em 08/11/2012
Reeditado em 08/11/2012
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