Explosão / E o verbo se fez presente e me fez melhor

EXPLOSÃO

(Momentos de uma crise existencial feminina)

Dúvidas, martírios pessoais e imunes ao bom senso

Volúpias, injúrias, trevas, sadismos, palavrões e utopias...

Não mais me acalmo com o soar do sino da matriz às seis horas,

Nenhum sentido maior acarretará a verossimilhança ou não dos meus atos.

Minha hora de ser lúcida e competente o tempo todo acabou.

Meu destino caprichado, meu bem-viver profetizado

Minha vida louca, corrida, meu estigma de comunicadora,

Tudo isso eu quero mais é que se f..., dane-se, exploda!

Quero é a vida! A vida presente ali e aqui, lá ou acolá,

Quero a vida num copo d água, sorvida em cada gole,

Diluída em cada gota desejada, em cada mércio de prazer.

Não quero mais ver os homens fabricarem a paz,

Odeio as fórmulas de hidrogênio, compêndios de suicidas,

Amo é a vida: livre, insana, inóspita, enigmática.

O resto – o todo (que não implique meu amor incondicional pelas pessoas,

Por meus rebentos, carne de minha carne, espíritos que transcendem meu idílio),

O resto – o nada que nada alcança – e que nunca temo,

Esse resto, que se expurgue de minha vida.

E o Verbo se fez presente, e me fez melhor

Acalmei. Achei difícil o teor desse meu tédio, mas compreendi.

Entendi que não sou uma fortaleza - ainda mais, solitária...

Descobri que sou errante, desumana, covarde, impura... humana.

Apontei em mim um sentimento de inveja - irônico pecado...

Inferi a incerteza de uma vida pseudo-feliz e quase-perfeita...

Abusei dos abusos, sentimentos confusos, encontrei a calma...

Busquei minha verdade – e ainda não a encontrei...

Catalisei as forças, orei como não se ora...

Inventei em mim meu carpe diem - matei meus leões!

Espantei esse tédio, entendi melhor a vida...

Encontre, enfim, a minha paz.

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 07/11/2012
Reeditado em 07/11/2012
Código do texto: T3973834
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