PENSEI QUE SABIA TUDO

Dentro de cada um

Existe um poço dos desejos

A casa de um louco

Desarrumada e cheia de dentes

Como um verme, espreita...

Para dar o bote nos incautos

Para liberar esse ser

Demente e desajustado

É preciso quase nada

Uma frase, um gesto

Uma situação inesperada

Destrava um gatilho louco

Palavras ásperas, agressivas

Que tudo querem destruir

São vomitadas aos borbotões

Como um vulcão enfurecido

Pensei que sabia tudo

Que era capaz de dominar

Esse verme faminto

Que vivia dentro de mim

Mas ele mostrou a sua cara

De um jeito que não consegui pará-lo

Ele devorou meu bom senso

E acabei fazendo o que não devia

Aprendi observando esse ato

Em mim e naqueles que me rodeiam

Existe um poço dos desejos sufocados

Dentro de cada um que vive

Querendo explodir sem controle

Basta um toque apenas

Para tudo se perder para sempre.

Esse verme devora almas

E precisa ser dominado

E eu, que pensei que sabia tudo

Não sabia nada

Deixei-o escapar e destruir

O que eu mais amava.