Confissões de um Poeta

Confissões de um poeta !

Jorge Linhaça

Confesso, meio que envergonhado, que a poesia anda de mim distante,

como o sol que se põe lá adiante, antes que possa ser fotografado.

É que a vergonha me traz transtornado, de ver o ódio a cada instante.

Sou ser sanguineo e bem contundente, quando a voz não ouso calar...

avanço feroz, vou na jugular, rasgo gargantas na ponta dos dentes.

Não sei ter posturas assim reticentes...Falo o que penso até me cansar.

A sociedade me causa vergonha, mesmo os letrados parecem omissos!

Perderam o senso de seus compromissos? Ou teem medo do bem semear?

Preferem a outros não desgostar, e ao final todos perdem com isso.

Ouço e leio tanta baboseira, tantos ataques contra os mais fracos...

E me desgosto ao ver que tais fatos, entre os letrados parecem poeira.

falam de amor c'os próprios umbigos, mas aos humildes tratam com asco ...

Não que destratem aos pobres ou néscios, mas quando se negam a ser sua voz

caem no abismo do cúmplice atroz, fazem o jogo dos torpes, perversos.

Danem-se os versos...que fiquem no pó...se os poetas não falam por nós!

Sou o escarro que atinge tua face? Vai ao espelho e vê-te outra vez!

Talvez enxergues, apenas talvez, que não nasceste pra ser um alface,

que tua omissão é só um disfarce, onde te escondes da tua altivez.

Concorde, discorde, faça um contraponto...defenda o lado A ou o B

Mostre que existe um lado C ou um D...saia do muro exponha seu ponto...

Mostre que existe um ser pensante dentro de você.