Passe no cemitério amanhã

Passe no cemitério amanhã

Dia de ter saudades dos seus

De ver a multidão de fariseus

Amanhã visite a terra dos mortos

Sinta o grito das almas

Entre flores e palmas

Com seus gemidos

Com seus soluços perdidos

Amanhã carregue um lírio branco

Compre uma rosa vermelha

Esqueça o dinheiro no banco

Simule seu ultimo tranco

Reverencie uma flor bonina

cujo perfume de anima

Respeite a terra sagrada

No jardim dos inconformados

Evite contar piada

Cuidado com o que desagrada

No ouvido dos desolados

Amanhã chore ao invés de sorrir

Pois a mesma terra em que pisará

Será aquela que lhe cobrirá

E ao pó retornará

Para de lá você nunca mais sair

E eternamente dormir

Amanhã chore convulsivamente

Sofra sinceramente

Pelo seu pai, pela sua mãe

Pelos filhos queridos

Que tenham ido precocemente

Seja paciente

Coerente, ou pelo menos tente

Na coroa de flores de um perfume insolente

Onde mesmo seu nome e corpo estando lá

Sua vida não estará presente.

A brisa da morte

Passa forte

Não combina com a sorte

Não há palavra que conforte

Nada que mude o passaporte

Depois que o amanhâ terminar

Tudo, tudo passará

Nada mais o fará lembrar

E a vida continuará