AS PALAVRAS SE AMAM
Quando esquecer que as palavras
/ se amam
deixo de ser poeta
Quando achar que sua abstração é
/ todo o alvo que procuro
deixo de ser poeta
vou ser filósofo ___ ou cultivarei
/ flores num orquidário
/ com todas as técnicas
de polinização ___ e as teorias nas
/ tábuas das flores
__sem a realização tornadas rasas__
que não são elas próprias
__quando...palavras!...__
As palavras se amam Elas
se procuram __ enquanto os uivos
/ dos grandes lobos dão
voltas à lua
na solidão das vastas planícies __ nos
/ rigorosos quadrados escaques
/ das estepes
__que se movem__
ansiosas de vento!... ___As palavras
/ se amam seu alimento
é o cheiro inconteste de outras
/ palavras assim
tão forte como Ciência e Filosofia
/ para o pensamento
o longo alcance do verso!...
A tecedura pura é a mais palavrosa
porque tem geometria de vida
/ própria e transcende
às infinitudes das rosas
Como um barco a procurar no Mar
/ a correção do destino em mar de
ondas em puro linho
Sal puro e a prumo das espumas
/ Aparição mais que fantasmagórica
a branca Escuna dos
Sonhos!...
Há de haver sempre uma vela
/ e as palavras tecidas de ventos
/ nela Há de haver sim
a amplidão do Sim do Jardim
/ recheado em
flores ___há de florir nas palavras
/ as cores que
as unem reúnem __ como fogos unos
/ mas de diversos... lumes...
As palavras, sim, as palavras... se...
/ amam... na
solidão...reclamam !...