Estranhos.

Demorei a perceber que eu estava gotejando...

Não sou telhado,não sou nada que se guarde em

gavetas,mas tenho encontrado resquícios meus pelos

cantos.Os armários,as caixas das minhas lembraças,estão empoeiradas,não tenho coragem de rever fotos,cartões de natal,aniversário...

Até parei de dançar com um retrato de meu pai,o fato,é que ele andava cansado da minha música,das batidas desordenadas

do meu peito.As minhas gotas de gente, que ama demasiadamente,estão mudando de cor.

Azulo o meu cazulo,esverdeio o meu preço,escureço

no claro,e amanheço no escuro...

Tenho tentado lidar com essas estranhezas,que invadiram o meu habitat natural...

Mas sou cobra criada,quando quero.

Quando menos espero sou borboleta,

Violetando paisagens sem sentido.

O meu gemido,as minhas gotas,

As minhas máscaras,são todas estranhas.

Coloridamente estranhas.

Sou algum ponto de luz,que pisca,

Arrisca manobras,feito vaga-lume.

Que goteja,que se distrai na loucura.

Na loucura da poesia,que pincela,não sei onde,não sei quando.

Sou essa estranheza toda,mas é muito pouco

Perto do caos dessa existência,amarelada...

Luciane Lopes
Enviado por Luciane Lopes em 27/02/2007
Reeditado em 27/02/2007
Código do texto: T395336
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