Estranhos.
Demorei a perceber que eu estava gotejando...
Não sou telhado,não sou nada que se guarde em
gavetas,mas tenho encontrado resquícios meus pelos
cantos.Os armários,as caixas das minhas lembraças,estão empoeiradas,não tenho coragem de rever fotos,cartões de natal,aniversário...
Até parei de dançar com um retrato de meu pai,o fato,é que ele andava cansado da minha música,das batidas desordenadas
do meu peito.As minhas gotas de gente, que ama demasiadamente,estão mudando de cor.
Azulo o meu cazulo,esverdeio o meu preço,escureço
no claro,e amanheço no escuro...
Tenho tentado lidar com essas estranhezas,que invadiram o meu habitat natural...
Mas sou cobra criada,quando quero.
Quando menos espero sou borboleta,
Violetando paisagens sem sentido.
O meu gemido,as minhas gotas,
As minhas máscaras,são todas estranhas.
Coloridamente estranhas.
Sou algum ponto de luz,que pisca,
Arrisca manobras,feito vaga-lume.
Que goteja,que se distrai na loucura.
Na loucura da poesia,que pincela,não sei onde,não sei quando.
Sou essa estranheza toda,mas é muito pouco
Perto do caos dessa existência,amarelada...