SORRINDO SEMPRE
Mordemos o Pão da Poesia Seus
/ dentes suaves nos retribuem
Vivemos
já não somos mais um feixe
/ de fenômenos um laço
incorpóreo ( o mais incorpóreo ) de
/ músculos
nem células coesas nem neurônios
/ da Mente somos
o existente
no simples ato de testemunho poético
o verdadeiramente ético
criado
muito embora tudo pareça sincopado
/ mercê
do verso em sua volta
mas na verdade ele é redondo para
/ além
da retorta
Drummond e Murilo Mendes entre nós
/ libertaram o verso é que
lugar único comum nostalgia sempre
/ tivemos de sermos
universo
e deixarmos o retrato do fato
vivemos
novamente pronunciados
mas antes disso a Criação vista
/ do sereno
dispor
porque se uma vez houve sempre
/ haverá... compor !...
Nosso corpo atravessa a Morte
todo Corte
e se une __reunido __ ao verso vivo !
Fala da fala que é existência
é a união da essência
no círculo puro de sua permanência
Por isso aluguei os meus dias ___ em
/ prol dessa alegria
Garrafa térmica de café, biscoitos
/ e escafandro
de mergulho
e o tempo de um dia todo
puro
Sei que envelheço será ? os cabelos
/ brancos embaralhando-se em Mar
de todo Sal
e os dias se fazem azul ___no Amor
/ por igual os dias
vencem a penedia
da Morte
e, pacificado sinto a Poesia
cicatrizar o corte ___nunca se adia o
dia se o temos presente
sorrindo sorrindo na alegria
e sorrindo...sempre !...