Pérola n'ostra
O poeta é um doente estranho,
moribundo às turras com a morte;
Por isso seu clamor é extremo,
A vida em jogo faz a pleito forte;
Expectadores escutam estrondo,
Alguns veem sangrando o corte;
Fazendo seu adubo de estrume,
Da ilusão, sua bússola, seu norte...
Troca impressões com confrades,
Onde fica fácil acenar empatia;
Tateia em diagnósticos confusos,
E erra também quanto à terapia;
Combate amargura com confeitos,
Na verdade, apenas, a ludibria;
Aprendendo a andar conforme,
Deixa a dor sangrar em poesia...
Ao eterno Poeta-Mor ele suplica,
Para trocar o dom por alento;
A cada novo açoite suplanta,
Prático em andar contra o vento;
Chora, reclama, arde, mas supera,
Dramático, eterniza o momento,
Na verdade forja pérolas supimpas,
Nas águas do tempo e do talento...