Um presságio de bosta

Tantas lições que a vida deixa,

Ao bom aluno, deixa de graça;

Quem não aprende e se queixa,

É porque desatento na aula passa;

vendo o sexagenário plantar ameixa,

E um fedelho inútil, quebrar vidraça...

Alma experimentada tem real valor,

A insipiente, sequer cuidado alcança;

Natureza revida, com frutos e sabor,

Sempre que a raiz na terra se lança;

Até para hortaliças o sábio agricultor,

Precisa de uma nesga de esperança...

Aquele pensa que o fruto dá em lata,

E sabedoria em ícones de telas virtuais;

Não ganha jogo da vida, sequer empata,

Asnos lhe seriam, pois, mui duros rivais;

Sem pejo vocifera de sua alma ingrata,

Contra valores, ensinos, dos próprios pais...

Um dia a vida lhe puxa forte o tapete,

Deixado a mercê, de forças que não tem;

E aqueles que zombou, baixou o cacete,

Agora parecem seu socorro, e seu bem;

Macerar a arrogância, é o primeiro macete,

Para na passarela da vida, se desfilar bem...

Para muitos, a passagem pela senda escura,

Não se torna um aprendizado suficiente;

Humildade só fica enquanto a prova dura,

A alma nada assimila, para si, infelizmente;

Facilmente se identifica uma bosta futura,

Ao vê-la aplaudindo a uma bosta presente...