Homo Máquina
Uns são feitos com asas outros, âncoras
E nem sempre ao vento dão vela;
O berço de ouro sonega a têmpera,
Mas, os zangões nem precisam dela...
Uns são tubarões, outros, rêmoras,
Com meios distintos arrostam a procela;
Alguns refinados, muitos rústicos,
Uns acendem luz, outros assopram velas...
Suspeitas mentalidades, pútridas,
Decidem qual lixo jogarão na tela;
Sonolentos mentecaptos súplices,
Adentram dóceis, cada um na sua cela...
O projeto santo do Arquiteto Ímpar,
É diluído em multicolorida aquarela;
Rotulam de mel seu veneno ínfimo,
Ursos cegos engolem a sórdida balela...
Assim vai rodando o homo máquina
Livre, mas, atrás de escura cancela;
Com ouvidos moucos para a voz única,
Que a própria consciência ouvida, revela...