ALGOZ DE MIM

Há no meu canto uma letra muda
E uma nota atroz
Que incita com a voz sanhuda
A compulsão feroz

Há no meu riso uma débil voz
E um dedo em riste
Que nada muda só me faz veloz
Para ser mais triste

Há no meu pranto um sinal arisco
E uma dor a sós
Que não se expõe e nem corre risco
De morrer após

Há na minha fé uma vã brandura
E um rogai por nós
Que não me garante e nem me segura
Vai dissolver na foz

Há nos meus versos uma porção de nós
E uma corda curta
Que sem piedade quer me fazer algoz
Da vida surda