Algo a Mais
Deve haver algo a mais
Sob essa superfície,
Sob a face da esfinge,
Arremedos de rostos
Crias fracas e rasas
De uma mãe sem colostro.
Pois se há uma essência
De onde fomos gerados,
Sei que existe decência,
Sentimento, inocência,
Sob o rosto partido.
Pode ser só carência...
Deve haver algo mais
Dentro do coração
Que palpita contrito,
De tanto desamor!
Há de haver uma alma
Sob o pano encardido
Que oculta o sentido...
Talvez seja só dor...
Deve haver um sorriso
Sob a lápide dura
Onde jazem, doridos,
Tantos anos de fúria,
Deve haver carne e sangue
Sob cada armadura...
Onde, a nossa lisura?...
*