O passo que passou
E o passo foi repassado
E já deixou de ser presente
Pois hoje até o presente
Que recebo foi passado
Passado de mão em mão
Ou em uma mesa só
Passado na contramão
De um violão sem dó
Sem um pingo nos is da vida
Sem uma vida no is britânico
Pois é assim que a vida
Nos presenteia com o pânico
O pânico da nota dó
Do verbo só, sem sentido
Da garganta com o mesmo nó
De um coração partido
Partido, sem deixar nada
Partido pra não voltar
Partido pela mesma espada
Que sempre parte pra ganhar
Que ganha-nos no momento
Que a gente está mais perdido
Que nos seduz o pensamento
De um grito decidido
Decidido estou a viver
Viver o ar ou o amor
E me acreditar viver
Em um arco-íris sem cor
Arco-íris preto e branco
Que banco nos meus dilemas
De cor em que desbanco
A bancada dos problemas
Pobre de mim sem problemas
O opróbrio de nascer pobre
Mas de sentir em seu sangue
O sentimento mais nobre
Nobre qual a riqueza
Da pedra mais valiosa
Que vale um verso em prosa
Mas não leva a realeza.