Trovões na Tarde

No céu os trovões estão nervosos.
O que será que aconteceu?
Será que São Pedro está
Arrumando ou faxinando a casa?

Os trovões são barulhos da alma
Dos seres humanos.
É também o peito de Deus
Rejeitando o ódio da humanidade,
O aborto que chega de todos os lados.
Também o ser balbuciando loucamente:
Eu sou um ser
Eu quero viver!

Os trovões são a indignação
Do Criador da vida
contra o futuro de morte
Que espera seus filhos indefesos.

Trovões barulhentos
Tentam acordar consciências
Distantes, sonolentas.

Trovões a tarde
É noite nas almas
É mensageiro do Criador
Que voa com asas de chumbo
De tristeza pela morte de um filho.

Trovões são barulhos de portas abrindo
Consciências que choram
Pela jovem graciosa que não
Viu nascer, florescer.

Trovões mensageiros barulhentos
Assusta almas carentes de amor.
Suas harpas são estrondos, desafinados
Pedindo que o mundo ocupe só o seu espaço
Que caminhe na liquidez de sua honra.
Que gargalhe com mãos limpas.
Que corra pelos campos como amigos
Vivos no verão, e em outras estações.

Trovões, respeito à Criação
Encantamento que acende luz, branca
desprendendo-se dos rios de sangue.

Foto: Marlene Vieira Aragão
www.marlenevieiraragao.prosaeverso.net