Coração de Papel - Parte I
Tudo começa com uma dor crescente
Que vai dilacerando todo meu interior
Transformando tudo em cinzas e fogo
Quando olho no espelho só vejo o resto de um amor
Eu vou viver até o próximo dia
Para te mergulhar na minha agonia
E fazer você entender porque sou tão sozinho
Compreender aqueles momentos que o pensamento chora e o coração grita
Porque eu ainda sou aquele bobo que em promessas de criança acredita
Porque eu ainda desenho corações vazios pintados de vermelho em folhas de caderno
Porque mesmo dando o meu melhor eu sempre afasto as pessoas amadas de mim
Vou gritar para o mundo:
- Alguém me ama!
- Alguém precisa de mim!
- Talvez eu não esteja tão esquecido assim!
Quando o sol se apagou e as estrelas caíram
O brilho negro da lua foi o meu único amigo
Era na noite que ela se escondia
Perambulando entre mortos e derrotados
Ela me abraçou!
Não preciso da sua misericórdia princesa
Não preciso da sua arrogância princesa
Não preciso de nada que tenhas minha linda princesa
Na mão esquerda um lápis para escrever meus atos
Na direita a borracha para apagar toda a minha tristeza
Eu vou sobreviver e rugir como um leão
Construirei do zero minha própria nação
De crianças carentes e adolescentes errantes
De rapazes românticos e moças apaixonadas de verdade
Na ponta do grafite eu mandarei para o inferno toda essa maldade
Mesmo que nada saia do papel
Antes de dormir eu sempre alimentarei esse sonho imortal
Inconscientemente crescerei cada vez mais esta pequena ilha aqui dentro
As chamas já são invisíveis e aos poucos vão dando lugar ao gelo
Vou compondo versos isolados
Poemas que traduzem minha alma
Em cada estrofe uma luta do bem contra o mal
Manhãs tristes e tardes nubladas
Na parede do quarto eu escrevo o seu nome
No meu celular eu olho a sua foto
Depois fico pensando em todas as coisas que te falei ou omiti
Uma lágrima desce e vou dormir.
"JJ"