não sou dona do tempo
por vezes esqueço-me que o tempo não me pertence
dou por mim a vaguear pelo passado
a sorrir e a derramar lágrimas,
dou por mim a tropeçar nas mesmas pedras
a sentir a mesma dor
e a gritar do mesmo modo!
as vezes esqueço-me que o tempo não para
e dou por mim parada a olhar
a ver as mesmas coisas
as vezes esqueço-me que o tempo não volta atrás
dou por mim a lamentar o que foi feito
a jurar não o voltar a fazer
esqueço-me, do que não devia
lembro o que já devia ter esquecido
sinto o que já não devia sentir
quando volto a mim
vejo que o tempo passou
vejo que mais uma ruga se apoderou de mim
quando volto a mim
relembro-me
que não devia perder tempo.
que devo agir
que devo falar
que devo gritar e sorrir
não com o que já passou
mas com o que perco enquanto vagueio pelas páginas de um livro já terminado!