QUASE NADA

Extrair da alma inúmeras figuras,
O inquieto sentimento, a lúcida loucura,
Transformar em versos, a eternidade do instante,
Comungar o sideral, o real, o absurdo,
Ser tantas coisas em uma só,
Se perder, se encontrar, desatar o nó,
Da misteriosa madrugada,
Bailar nas asas da borboleta,
De flor em flor nas manhãs douradas,
Vestir o ego de utopias, de harmonias flutuantes,
Ousar, aflorar, achar que é um poeta,
De olhar complexo, perplexo, agudo,
Se desprender, mover, envolver com o tudo,
E saber que é quase nada.