Infeliz cidade

A língua negra que avança

Muito além do que deveria

O verde que só se encontra

Nas paredes, nos muros

O lixo que invade

As pessoas, as casas

Os bichos, inteligentes

Vão-se embora...

Concreto recheado de gente,

ou gente vestida de concreto?

O barulho é o simples eco da solidão,

ou a solidão é o oco eco do barulho?

Onde a paz?, onde o vislumbre de estar certo?

Onde um sinal de que valeu a pena?

Por que o longe está tão perto?

Nas esquinas os fast foods

De almas, de coisas, de idéias

Em frente à joalheria

Um indigente estirado ao chão

Aos milhares, rostos sem nome

Vidas vazias desfilando rápidas

nas passarelas do amanhã incerto

Os que resistem, estão com medo

Os drogados já não se escondem

Os mortos vivos, em toda parte

Glória da civilização moderna

Capítulo épico da nossa história

Vitória máxima da tecnologia

Gigante erguido, esmagando sonhos

Pilar da nossa cultura

Nos outdoors, Deus excluido

Ao nivel do mar, o homem vencido

Por dentro e por fora, só ilusão

Babel restaurada, página virada

Cemitério da verdade...

Infeliz cidade.

Miss Jade
Enviado por Miss Jade em 05/10/2012
Reeditado em 05/10/2012
Código do texto: T3917168
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