Como respirar este ar?
Confesso a todos que podem ouvir
Não piso hoje em meu próprio chão
Vejo tanta injustiça no mundo
Nem sei como posso respirar este ar
Os dias me envolvem em seu incrível mal estar
Nada que vivo nestes dias em que me torno adulto
Faz sentido como os que vivi no tempo de criança
Simplesmente ouço mais um belo solo de guitarra
Me apaixono novamente pelo mesmo passa tempo
Mais um copo do velho vinho do sul
E subitamente volto à vida pelos corredores do meu querer
O que estava quebrado em meu notório velho ser
Que agora está inteiro nesta noite ainda vazia
Mais um verso sem métrica momentâneo enquanto dure
Mais um dia sem motivação do instinto comovente e melódico
Ao me ocorrer o novo encontro de amigos sonhadores
Voo livremente pelo intenso azul matinal de um dia corriqueiro
A postura não se faz importante quando estão por perto
O mundo de ilusões se fez enquanto a música pareceu surgir no ar
Eternizando o eterno inferno de ser mais um no meio de tantos
De ser mais um que escreve sem nexo
De ser mais um escravo do interno
De ser mais um que chora por nada
De ser mais um que move a fábrica
Da sociedade do conhecimento e do crédulo espiritual
De ser mais um que sorri de todos
Da sociedade do conhecimento e da paixão carnal
De ser mais um que move o eco lunar dessa intensa corrupção
Dos animais racionais e da falta de compreensão