O Vento e o Mar

À beira do mar,

Fiquei a pensar,

Por algum momento,

Que o mar sem o vento

Seria um ser morto,

Sem alma. Só corpo.

Que o vento inquieto,

Soberano, arquiteto,

Sem peia, sem medo,

Faz dele brinquedo,

Dá vida, dá alma,

Dá fúria, dá calma.

E a onda do mar,

No seu balançar,

Vagueia, vagueia

Se joga na areia,

Se espalha na praia,

Se escoa, desmaia.

E o som das pancadas

Das ondas pausadas

Parece um tambor,

Um chocalho, um cantor

No caos da orquestra,

Que o vento maestra.

E o brilho da espuma

Com lua, sem bruma,

Lágrima cintilante,

Só dura um instante,

É uma flor, é um oi

A quem já se foi.

E o vento no mar

Continua a ventar,

E a onda sem vida

Volta ao mar dividida.

Cada gota se esconde,

Sabe Deus. Não sei onde.

Velha onda passou,

Nova o vento gerou.

Se uma deixa lembrança,

A outra traz esperança.

Nossa vida, doutor,

Está na onda e na flor.

//Ignacio Queiroz - Floripa, 11/09/2008.

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Ignacio Queiroz
Enviado por Ignacio Queiroz em 28/09/2012
Reeditado em 29/09/2012
Código do texto: T3906154
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