O Vento e o Mar
À beira do mar,
Fiquei a pensar,
Por algum momento,
Que o mar sem o vento
Seria um ser morto,
Sem alma. Só corpo.
Que o vento inquieto,
Soberano, arquiteto,
Sem peia, sem medo,
Faz dele brinquedo,
Dá vida, dá alma,
Dá fúria, dá calma.
E a onda do mar,
No seu balançar,
Vagueia, vagueia
Se joga na areia,
Se espalha na praia,
Se escoa, desmaia.
E o som das pancadas
Das ondas pausadas
Parece um tambor,
Um chocalho, um cantor
No caos da orquestra,
Que o vento maestra.
E o brilho da espuma
Com lua, sem bruma,
Lágrima cintilante,
Só dura um instante,
É uma flor, é um oi
A quem já se foi.
E o vento no mar
Continua a ventar,
E a onda sem vida
Volta ao mar dividida.
Cada gota se esconde,
Sabe Deus. Não sei onde.
Velha onda passou,
Nova o vento gerou.
Se uma deixa lembrança,
A outra traz esperança.
Nossa vida, doutor,
Está na onda e na flor.
//Ignacio Queiroz - Floripa, 11/09/2008.
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