Talento Sujo
Já fui taxado como um talento bruto, um talento sujo, um talento burro.
Para o primeiro busquei a razão, “A Critica da Razão Pura”, a filosofia e todos os seus Kants, Platões, Socrates, Tales, Senecas e me tornei critico. “Humano Demasiado Humano”, descobrindo que toda critica até mesmo a pura, nada mais é que Dura.
Para o segundo busquei a salvação. Ser casto. Os santos, as crenças; ser de fé. Purguei, confessei, dancei Candomblé, quis ser Católico. Deixei de ser laico, virei arcaico e descobri ser Caótico.
Para o terceiro li e reli, fadiguei a vista, gastei a vida. Rondéis, acrósticos, artigos, cartas e carretéis; cirandas e contos; vinho tinto, livros e cronicas. Casimiros de Abreu, Machados de Assis, em minha cabeça uma bomba atômica.
Por fim já não era bruto, sujo e burro, já não era um talento.