Foste Ausência
Ei Drummond, estiveste certo por todo este tempo
Sim, tenho razões de sentir saudades
Eu amei, digo-lhe claramente que amei
Tenho razões de acusar motivos que rompeste sem despedidas e partiste de minha vida.
A aquilo que juraste outrora no outono e deixaste na primavera as folhas caídas
As horas são vagas e tudo se torna obscuro
os abraços apertados e os singelos beijos selados de amor fostes ao véu
o afeite pela amizade e o poder do verdadeiro selou a batina final
não existindo mais verdades.
Sim Drummond, estiveste certo por todo este tempo.
Tenho razões para sentir saudades,
desde o papo alegre em falas calmas, do simples ato da soma
sem enlouquecestes com as horas, sem crer que o impossível exista
sem proferir falas absentas de carinho e união.
O que aconteceste então, pergunto-lhe revogando a tirania
trazendo á tona a benevolência existente numa parte funda deste ser adormecido
Serás possível, Drummond?
Com o solstício que movimentaste sem prazo de rotação
e a despedida sem despediste?
Ousaste sem saber ousar e creste estar com algo que não és nada
ao ponto de subjugaste sabichão sem que nem apertaste as mãos
Estiveste então todo este tempo com máscaras, Drummond?
Fizeste então acreditar que a perna curta foste novamente a inimiga?
A que ponte chegaste com este devaneio, Drummond?
Saudades de ti eu tenho razões, mas tu foste como já foste uma vez
Como um sequestro tirano da Ditadura Militar, como o suave doce lambuzado da criança aos prantos
Foste. Não há razões mais para saudades sentir.
Leis quebradas. Novas épocas. Acuso-te como outrora sabendo de erros humanos de todos nós.
Mas foste e desta vez sem prazo de devolução.
Aquele vaso que quebraste com cola não seguraste
prendeu-te com fita, enrolaste os grandes cacos
entretanto os pequenos ficastes visíveis e deles emanaste o odor.
És hora de redescobrir-te. Começaste por alicerces com retornos impecáveis