AVENIDA
AVENIDA
Caminhando pela avenida
Vou testemunhando a vida
Que acorda agitada
Nessa pós madrugada
Entre as duas pistas de asfalto
Reinam árvores variadas
Tomadas de assalto
Pela passarinhada
Um cheiro de café paira no ar
Vindo de uma padaria
Que neste raiar do dia
Está repleta de despertar
O céu está azul avermelhado
O ar meio opaco
Como queima de tabaco
Os olhos lacrimejam, achinesados
Carros passam sem parar
Com pressa de chegar
A poeira se levanta
Até onde a vista alcança
Uma turma dorme sob uma marquise
Indiferente ao movimento
Ouve-se apenas um lamento
Dessas vidas em crise
Crianças pela calçada
Indo pra escola
Com a cara amarrotada
E minhocas na cachola
Movimento na delegacia
Começa mais um dia
De problemas animais
Provocado por racionais
Sirenes tocam intermitentes
E lá vem mais gente
Presa e algemadas
E outras assaltadas
Passam senhores e senhoras
E cumprimentam educados
Diferente dos jovens de agora
Grande parte mau educados
Passa um carro de som
Muito acima do tom
Nessa hora da manhã
Com mais promessa vã
Volto de deixar a neta na escola
Pedindo a Deus uma esmola
Que me permita assistir
Minha neta no porvir
Chego dessa curta viagem bela
Sento a frente da tela
Não vejo mais a avenida
Apenas a estrada da vida
Escrevo sobre essa aquarela