Yves Tanguy ___"Dia da Lentidão"___



      DIA DA LENTIDÃO



    A Grande Máscara
    preside a lentidão
    De seu trono alaranjado ela derrete
                                                       / e musica
    a Grande Existência lenta
    onde a areia não se move e o vento
                                          / mesmo passando
    é parado

    Todas as marcas do intervalo
    e a realidade angular, parada
                   / fragmentos daquela clepsidra
         / fantasma
    são cortes não dados
    ...de tão lentos

    e há um centro perfeito de estilhaços
     / como garrafas que um dia quebradas
                                                    / pararam na
    superfície do chão
    sem respirar

    Talvez além das margens que
                                   / são fronteiras exista
    um mar
    Com navios paradões caladões e neles
                                              / a verde grama
    do mar subiu pra um supremo vegetar
    como o inconsciente olhar
    da Terra, tornada imóvel

    Chove talvez Talvez a realidade muita
       / e una pedra abandone a metonímia
    troca tudo por recortes
    falando da sorte
    __do ser vivo__

    Dia da Lentidão ___ é o dia de ver
         / o tempo que era cativo por correr 
    agora lento ___ de úmido concentro
    mostra a inteireza que corrige
                                                     /  a aspereza
    de um pleno Ser.