E não poderias calar-te???



E se me digo alma pela vida traída
Retraída
Não há em mim o que se ressente

Abrigo em meus silêncios meus gritos
E renovo-me em seus labirintos
Inda mais famintos
Com iguais instintos

Meu silêncio m’escuta
Me perscruta

E meu grito só quer deitar...


E se me digo poeta
Meu vociferante silêncio me completa
E inda que a ti não valha
É fio de navalha

Por um meio-verso daria uma vida inteira
Ou uma poesia de minh’alma cheia
Que me toma e me dá!

E se assim não fosse
Não seria o verso maldito 

Nem bendito
Nem verso...

Se não fosse
O que de mim seria ?



O verso me constrói e m’esmaga
O verso me deflagra
E escapole em cápsula o que havia
E fica num canto caído
Escondido
Deitado como um feto egoísta
Visando inda mais ser protegido


E este meu verso daria uma vida
Mas tu não saberias

Porque meu verso grita mas é mudo
Ou és tu o surdo...
Adah
Enviado por Adah em 15/09/2012
Código do texto: T3883204
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