Nunca Mais
Nossos olhos se cruzaram, intensamente se fitaram, mutuamente concordaram, queríamos a mesma coisa, desejávamos o mesmo fim, porém, a mente não acompanhou a explosão de sentimentos, a voz sumiu, as palavras eram insuficientes para descrever a intensidade do acontecimento e então, aquele frágil momento, breve e único se perdeu, e agora não voltará nunca mais...
Suspirando pelos cantos, remoendo minhas entranhas, lamento, tento explicar, busca razões e tudo se resume ao fato de não estar pronta, foi tão doce, era tão esperado, muito rápido e muito devagar, não havia nada e nem ninguém, apenas a nossa existência, o coração acelerado, o rosto quente, as mãos frias, a boca seca, naquele frágil momento, breve e único tudo se perdeu e agora não voltará nunca mais...
Não foi a primeira vez que fiz isso, os anos não apagam da minha memória o intenso amargor de não aproveitá-lo, segurá-lo com todas as minhas forças, de deixá-lo escapar por entre meus dedos, perdi a hora exata de mostrar o que estava consumindo meu coração, e então a morte, a distância, o tempo, o esquecimento, a indiferença, tomaram de mim o frágil momento, breve e único e agora não voltará nunca mais...
A palavra morreu no meu coração, o choro ficou preso na garganta, a mente se culpa, o corpo padece, e o tempo insiste em ficar congelado naquele frágil momento, breve e único, que meu nome foi chamado com a voz embargada pelas lágrimas e eu não corri para abraçar, congelado naquele momento em que fui olhada intensamente e desviei o olhar, congelado com as palavras que não deveriam ter sido ditas, congelado com a vontade de ferir, com o medo, com o orgulho, e agora, acabou...
Nunca mais...