POESIA PLÁSTICA
(Para um velho resmungão)
Era uma vez um velhinho
rabugento demais...
Ele nunca fez um versinho
com intento de paz...
O velho resmungava de tudo,
reclamava de todos...
Ele estava sempre trombudo
e divulgava engodos...
Certa ocasião, apareceu no lugar
onde o velho raivoso morava
um poeta que prometeu divulgar
o verso harmonioso que rimava.
Com a meta feliz de conter abuso,
hipocrisia e engodos difamadores,
o bom poeta quis fazer um concurso
de poesia para todos os moradores...
O velhinho afirmou: “Eu
não vou participar disso!”.
E, nervosinho, entoou seu
tolo linguajar de rebuliço.
O poeta disse: “Participe, meu velhote,
não reclame do dilema.
Sem funesta idiotice, acredite na sorte
e declame seu poema...”.
O velhinho retrucou:
“Nem poema, nem trova: não farei nada”.
E, sozinho, criticou
com desdém, o lema da nova lei aprovada.
Cansado de reclamar,
sem ser ouvido,
o velho pôs-se a chorar
um choro sentido.
Recebeu uma consolação
do poeta que ele tanto já havia injuriado,
e rejuvenesceu na ação
correta, com o canto de poesia engajado.
Moral da história: reclamar
da vida envelhece um rosto sem sabor.
Uma legal oratória faz gerar
uma devida prece e tem gosto renovador.
Paulo Marcelo Braga
Belém, 24/01/2007
(17 horas e 04 minutos).