Theo Doesburg _"Contracomposição de Dissonâncias XVI"_



  PRIMAVERA DA SEMENTE



 Entre um poema e outro há alguns
 intervalos
 eles relembram que à terra batida
                                         / do papel
 no branco debaixo
 há ainda correntes
 subterrâneas

 Como a caverna de Aladim com
     / ourivessaria de Coração como
 estalagmites sempre prontas
                          / a crescer e assomar
 à superfície
 emendando águas. Por sobre
  / o Horizonte brilha o Sol simples
 ponto
 no meio de lábios
 vermelhos. Pura Arte.
 Partem Navios para as longas
                             / distâncias, mas
 os peixes os acompanham
 por debaixo das esteiras da água...
 Como um sanduíche as longas
         / folhas de alface sorrindo.
 Pintalgados de gergelim todos os
                                            / sabores
 e a flor que cobre todos os odores
 ___sublimando !...___

 Na verdade há intervalos... mas
     /  é um Poema só um rádio com
 forma de romã, todos
                                    / os grânulos...
 Um lábio carente de dicção...
     /  de tocar a emoção dos irmãos,
  /de onde sai um arco-íris
                                      / tão longo
  que se perde na Visão...
  Só o Coração são gotas... __ só ele
  Diz.

  Mas num dizer sem porquê ___
                        / doação do pote
  furado para o Amor...
  é difícil dizer do Sol de onde vem
                                     / o Calor
  se distribui em flor que brota
  __sempre...__

  Cada intervalo é sempremente
                   / é apenas uma espera
         / à Primavera
  __da Semente !...__