TUDO E NADA
O tempo é campo, em esmero
eu escavo o meu tesouro...
Roço as matas do agouro
e semeio uma ventura...
O tempo é grande inimigo
e me escudo de alegria...
Se não recolho a poesia,
deixo que esvaia sem pressa...
O tempo é alguma promessa,
que pode decepcionar...
Pelo seu túnel atravesso,
sem me deixar enganar...
O tempo é tudo e é nada...
Permite-me aventurar...
Permite um dia esta estada,
noutro, nos rouba o lugar...
Belíssima interação em RONDEL, do queridíssimo poeta e amigo, Gomes da Silveira, a quem agradeço o brilho com que ilumina nossa sala...
Abraços e mui grata. Boas vindas, caro!
O TEMPO
Voa este cavalheiro
que de Tempo se apelida;
parece passar ligeiro,
mas vive por toda a vida.
De nós ele tem medida
e se nutre por inteiro:
voa este cavalheiro
que de Tempo se apelida.
O Tempo nos dá dinheiro
menos que nos dá guarida.
Gasta-o mal um gazeteiro
que se não dá bem na lida
- voa este cavalheiro.
Grato pela inspiração com o tema, cara poetisa Ana Maria. Penso até que já tenho um soneto com o títuto - O TEMPO -, mas nã resisti à tentação de lhe fazer esta interação com um rondel, aqui, sem muito jeito, à base do improviso, rsss. O seu poema está um primor, beijos, GS.
Para o texto: TUDO E NADA (T3858205)