Caminho...
 
Apenas sigo
Cegamente...
Os pés já sentem o cansaço.
Estão dormentes...
 
Chegou o momento de levantar vôo
Sinto uma das asas feridas,
Mas a dor não me impede de voar...
O prazer de aliviar o cansaço da caminhada
Faz meu corpo elevar...
Dizem que o prazer sempre se faz acompanhar pela dor, como a temperar a docilidade do encanto... Assim como o amargo quebra o enjoativo do doce...
 
De cima, a visão das casas, das ruas, dos pontinhos em movimentos...
Mais adiante os montes, os vales, as colinas... o mar!

As lembranças!

Elas insistem em me acompanhar, mesmo no alto. Teimam em voar ao meu lado sem se importarem com o meu ressentimento por vê-las tranqüilas, voando e planando muito mais do que eu.

Suas asas são maiores, de uma envergadura espetacular...

As nuvens bem que poderiam tê-las impedido de voar...
Ter encoberto a visão do mar...

Assim, não te teria visto sair das águas, com o corpo molhado envolto em espumas... Não teria lembrado os teus olhos, a boca, o cheiro...

Melhor descer!

De cima corro o risco de cair vertiginosamente em teus braços...

Preciso da firmeza do chão.

Nas vielas e labirintos das ruas é mais difícil de te encontrar... Apesar que lá também estão tuas lembranças a me rondar...

Deixo que a dor das pisada as afastem.

Dou mais um passo,

Caminho...
 
MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 20/08/2012
Código do texto: T3839989
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