Heineken blues







Os olhos são sempre os da fome,
e o barulho sempre a delação da existência.
E a boca que encontra o estado do repouso,
deixa na sua o gosto do amanhã que não chega.

O que se faz quando um poema cerebral,
rompe a comodidade do papel milimetrado?
Isso não é democracia, nem concordância.
E alheio aos sentidos do espaço que limita,
se derrama por nossas mãos que conhecem o corpo,
mesmo que o corpo entenda mais da fala,
e a fala entenda menos do instante suspenso.

Alguém quis dizer alguma coisa,
alguém tinha a explicação perfeita,
alguém tinha o poema ideal,
alguém tinha a teoria da ausência.
Mas no instante que o ruído dizia
que todo esse mundo existia,
entendi que a boca calava meu pulso,
e meu pulso, era a nova escrita.





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Imagem: Foto tirada por mim em algum lugar sobre a Bahia.




EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 17/08/2012
Código do texto: T3835860
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